China suspende compra após caso em granja comercial
Foi confirmado o primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, localizado em Montenegro (RS). Mesmo com essa confirmação, autoridades sanitárias e especialistas garantem que o consumo de carne de frango e ovos continua seguro para a população. O vírus H5N1 não é transmitido por alimentos devidamente cozidos, e a infecção ocorre principalmente por contato direto com aves vivas ou mortas contaminadas.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras entidades internacionais de saúde animal e humana é clara: carnes e ovos devem ser sempre bem cozidos e preparados com higiene. Até o momento, não há registros de contaminação humana pelo consumo desses alimentos em nenhum lugar do mundo. No Brasil, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) reforçou a vigilância epidemiológica e mantém o estado de emergência zoossanitária até junho, com ações coordenadas de monitoramento em todo o território nacional.
Como reação ao foco confirmado no Rio Grande do Sul, a China suspendeu temporariamente a importação de carne de frango brasileira por 60 dias. O governo federal já negocia para que o embargo seja restrito apenas à região afetada, como já ocorre com outros países importadores. Apesar do impacto comercial, autoridades garantem que o consumo interno segue sendo seguro. O MAPA adotou todos os protocolos sanitários previstos para evitar a disseminação do vírus.
A professora Jovanir Inês Mueller Fernandes, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), coordenadora do Laboratório de Experimentação Avícola, destacou, em entrevista ao vivo, que o caso no Rio Grande do Sul representa um impacto significativo para a economia do país. “O Brasil é o maior exportador e o segundo maior produtor de carne de frango do mundo. Esse foco penaliza agora as exportações brasileiras. A China já sinalizou uma suspensão das exportações por 60 dias, mas os outros países que compram do Brasil ainda não se manifestaram. Então o momento agora é de cautela”, alertou.
Questionada sobre a duração do embargo chinês, a professora explicou que, como o Brasil nunca havia enfrentado um foco de influenza aviária de alta patogenicidade em granjas comerciais, ainda é incerto como a situação se desenvolverá. “O Brasil é o único país entre os grandes exportadores que nunca havia detectado nenhum caso na avicultura comercial. Não sabemos como isso vai progredir. O mercado reage dessa forma mesmo, suspendendo as exportações. Agora, é esperar os próximos dias para ver como será o andamento disso”, afirmou.
Jovanir ressaltou que todos os procedimentos sanitários estão sendo seguidos de forma rigorosa. “O MAPA cercou toda a região, conforme previsto no plano de contingência. As equipes foram muito bem treinadas ao longo dos últimos anos. As empresas privadas, as cooperativas e as agroindústrias atuam em conjunto com o governo federal para garantir a segurança sanitária. Estamos preparados para um momento como esse.”
Mesmo com o cenário de incerteza no comércio internacional, as autoridades brasileiras destacam que o sistema de controle está funcionando e que o risco atual para a saúde pública é considerado baixo. A população pode continuar consumindo carne de frango e ovos, desde que os alimentos sejam bem cozidos e manipulados com os cuidados básicos de higiene recomendados pelas autoridades de saúde.