Um cenário assustador. É desta forma que o delegado titular do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (NUCRIA), Rodrigo Rederde, define o contexto atual na Polícia Civil em relação aos crimes sexuais contra o público infanto-juvenil no estado. Ele participou do programa Tá na Pauta, que traz um recorte mais detalhado sobre temas em debate da Assembleia Legislativa do Paraná. O quadro com as entrevistas é exibido durante a programação da TV Assembleia.
“Os casos aumentam, apesar de estarmos cada dia trabalhando mais, com o efetivo mais robusto, com uma equipe técnica mais preparada, inclusive, uma das mais preparadas do Brasil. No entanto, há muita subnotificação, existem pessoas que começam a ter acesso à informação em função do nosso trabalho e isso aumenta a demanda. Para nós, é muito bom ter acesso às denúncias porque nos possibilita investigar e prender. Conseguimos, com mais denúncias, investigar mais, prender mais, então estamos a cada dia batendo números. Os números de prisões, os números de investigações concluídas”, afirmou
Os dados mais recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública indicam que em 2023, 22.527 crianças e adolescentes foram vítimas de maus tratos e 60% das vítimas tinham entre 0 e 9 anos. Dessas denúncias registradas, os números podem ser bem maiores, uma vez que muitos destes crimes não chegam a ser notificados. O crescimento apontado pelo Anuário em 2023 foi de 14% para abandono de incapaz, 13,8% de maus tratos e 16,4% de exploração sexual infantil.
Ele citou dois tipos de abuso sexual contra as crianças e adolescentes. “Os cyber crimes e os crimes reais, aqueles agressivos e violentos. É muito importante que a gente esteja atento aos sinais dos crimes cyber, muitas vezes os segredos que as crianças ou adolescentes podem ter com os pais. É preciso lembrar sempre que o melhor amigo dos filhos são os pais. Então, esse diálogo tem que ser franco”, alertou.
Entre os sinais de alerta estão comportamentos de regressão, quando as crianças começam a ter hábitos que elas não tinham antigamente, como por exemplo chupar o dedo, fazer xixi na cama que podem ser “sinais de violência sexual, daí não no mundo cyber, mas sim no mundo real”.
O delegado falou da importância de iniciativas como o Maio Laranja, instituído por meio da Lei nº 14.432/2022, para conscientizar a sociedade sobre os abusos sofridos pela população infanto-juvenil brasileira. No Paraná, a Lei estadual nº 17.493/2013 de autoria da deputada Cantora Mara Lima (Republicanos) instituiu 18 de maio como o Dia Estadual de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
“Temos ações e focamos em prender alvos perigosos, que muitas vezes estão foragidos. Serão duas operações este mês. E também destacar o papel da conscientização. Porque focamos a nossa equipe em palestras, em aproximar da sociedade, mostrar os canais de atuação”, citou.
As entrevistas do programa Tá na Pauta são transmitidas pela TV Assembleia, a partir das 14h30, por meio do canal 10.2, em TV aberta, e no canal 16, da Claro/NET. O conteúdo também pode ser acessado pelo canal do Youtube do Legislativo.
Confira o programa na íntegra: