Com três meses da nova rotina sem celulares, a rede pública do Paraná mostra que alternativas analógicas têm ganhado espaço e engajado os alunos. Em vez de ficarem conectados, muitos estudantes agora se dedicam a jogos de tabuleiro, cartas e outras atividades que estimulam o raciocínio e a socialização durante os intervalos.
No Colégio Estadual José de Anchieta, em Londrina, a mudança inspirou a criação do Clube de Jogos Analógicos e até uma disciplina eletiva chamada “Aprender Jogando”, para alunos do Ensino Médio. A biblioteca virou espaço de convivência, onde alunos podem interagir com jogos colaborativos e desenvolver habilidades cognitivas e socioemocionais.
A proposta agradou tanto que a escola pretende montar uma ludoteca e espalhar caixas de jogos pelas salas de aula. Os jogos preferidos variam entre faixas etárias: do 6º ano ao Ensino Médio, os interesses vão de jogos de dedução social aos que exigem lógica, estratégia e cooperação. A iniciativa também promove inclusão e acolhimento entre alunos de diferentes idades.
A disciplina eletiva mistura teoria e prática: os estudantes leem textos sobre os benefícios dos jogos na aprendizagem, testam diferentes mecânicas e, em breve, vão criar seus próprios jogos com base em conteúdos curriculares de Português, Matemática, História e Ciências. A meta é apresentar os resultados em feiras científicas.
A iniciativa já desperta o interesse de outras escolas da região de Londrina, como o Colégio Cívico-Militar Professora Helena Kolody, de Cambé. Para a Secretaria de Estado da Educação, a restrição aos celulares é uma chance de mudar hábitos, fortalecer vínculos e melhorar o bem-estar escolar. A aposta é clara: menos distrações digitais, mais aprendizado e convivência.