Com capacidade produtiva inicial de 2.000 toneladas por dia, empreendimento será o maior da Região Sudoeste do estado
Na manhã desta quarta-feira (8), a Cooperativa Agropecuária Tradição (Coopertradição), com atuação em todo Sul do Brasil, anunciou o início das obras de uma das mais tecnológicas indústrias de farelo e óleo de soja do Paraná. O comunicado aconteceu em uma coletiva de imprensa, realizada na matriz da cooperativa, em Pato Branco.
Após um ano de planejamento e dez meses de terraplenagem, a cooperativa se prepara para iniciar a construção de um empreendimento que promete revolucionar o cenário agroindustrial da região Sudoeste.
Somente na primeira fase da obra, com investimento de aproximadamente R$ 700 milhões, a indústria terá uma capacidade produtiva de 2.000 t/dia. Com isso, dará suporte a toda cadeia de industrialização de soja do Paraná, a qual produzirá óleo degomado e farelo de soja.
O dado corresponde a 660.000 toneladas de soja ao ano — o que representa o beneficiamento de 25% de toda soja produzida no Sudoeste. Hoje, apenas 20% da soja produzida no Sudoeste é industrializada na região. O restante é destinado a outras indústrias e portos.
Com a nova indústria, a Coopertradição possibilitará o beneficiamento de mais 25% de soja, passando para um índice de industrialização maior que 40%. “Nesse primeiro momento da obra, vamos começar com a parte de recebimento, inclusive já contratamos os fornecedores para começar a receber soja no começo de 2025. Com relação à parte da esmagadora, começaremos as obras em janeiro e estrearemos no início de 2026”, explicou o diretor industrial e estratégico da Coopertradição, Fernando Alan Tonus.
Após a execução da indústria, sua expansão está prevista para cinco ou sete anos, onde espera-se atingir 3.200 t/dia. Para essa ampliação, serão necessários R$ 100 milhões e apenas três meses de obra.
De acordo com o presidente da cooperativa, Julinho Tonus, o anúncio da construção da indústria é motivo de muito orgulho e comemoração. “É um sonho muito grande, que surgiu há 20 anos, da nossa necessidade de criar algo que pudesse dar segurança para o agricultor do Sudoeste, e que está se tornando realidade. Isso nos deixa muito felizes e nos enche de esperança para o futuro.
O secretário de agricultura e do abastecimento, Norberto Anacleto Ortigara, que também esteve presente no evento, reforçou a importância de uma indústria tecnicamente evoluída. “Nós temos um movimento muito grande ocorrendo em todo mundo, em torno da descarbonização, de um ambiente mais sustentável. Então, quando vem uma fábrica assim, que atente a todos esses quesitos, ela está absolutamente em dia. Esse é o espírito da agricultura moderna.”
O governador do Paraná, Ratinho Júnior, também se manifestou sobre o empreendimento. “Hoje, a Coopertradição é uma das grandes alavancas do agronegócio paranaense. Esse investimento, que passa dos R$ 600 milhões, é motivo de muito orgulho para nós paranaenses. É aquilo que sonhamos para todo nosso estado, que é a industrialização do alimento, deixando aqui o imposto e gerando empregos para nossa gente e, automaticamente, colocando valor agregado aos nossos produtos.”
Inovação aliada a sustentabilidade
Planejada a partir do conceito de Indústria 4.0, a esmagadora será uma das mais tecnológicas do Paraná. Com todos os processos automatizados e com os melhores equipamentos do mercado, a indústria, com fluxo três vezes mais rápido que uma esmagadora convencional, será totalmente sustentável.
“Temos como visão em nosso planejamento estratégico ser referência em gestão cooperativa e em sustentabilidade. Por isso, temos algumas iniciativas particulares para o empreendimento, como o reuso de água, a política de resíduo zero, em que todo material que entrar no complexo se transformará em produto e subproduto”, disse a diretora de governança, Mareli Linck Neitzke.
Além dessas iniciativas, a Coopertradição tem um projeto bastante especial para a área de reserva legal da indústria. A cooperativa está ampliando os 20% de reserva, estabelecidos por lei, para 30%. Com isso, obterá uma reserva ambiental, que se transformará em uma estação ecológica que será disponibilizada à comunidade local.
Desenvolvimento econômico
Com previsão de faturamento anual na casa dos R$ 2 bi, o empreendimento movimentará toda cadeia produtiva de soja no Paraná e, como consequência, contribuirá, direta e indiretamente, com a geração de aproximadamente 400 postos de trabalho na Região Sudoeste do estado.
“Aqui no Sudoeste, nós temos um cooperativismo importante no agronegócio. E nós precisávamos ampliar a geração de valor. Sabemos que a rentabilidade líquida para quem opera só com grãos é muito pequena. Historicamente, nas cooperativas, não ultrapassa 2% da rentabilidade líquida do movimento. Já quem industrializa, agregando valor e completando a cadeira, isso pode dobrar, o que é uma margem segura às cooperativas, o que vai permitir reinvestir, remunerar e dar segurança aos produtores”, comentou o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken.