A ação humanitária do Crea-PR em Canoas, no Rio Grande do Sul, foi encerrada hoje (04/07) com a elaboração de laudos técnicos que definem se os prédios inspecionados estão aptos a retomar suas atividades. Nesta tarde, os 76 voluntários se reuniram para analisar os dados, fotos e anotações coletados nos últimos dias. No total, 40 escolas foram e 11 UBSs foram vistoriadas, com 97 laudos e 77 ARTs Humanitárias emitidas.
A tarefa de elaboração dos laudos é trabalhosa, pois as equipes precisam chegar a um consenso sobre as observações feitas durante as vistorias. “A dificuldade é a separação das três competências para delimitar tudo e escrever um laudo só. A gente precisa chegar a um acordo para fechar a elaboração dos laudos, e isso é feito com muita conversa sobre o que observamos”, relata o Eng. Mec. Pedro Henrique Batista Calegari.
Os laudos incluem detalhes minuciosos sobre as condições das instalações, como os sistemas de ar-condicionado, que em muitos casos ficaram submersos e não funcionam, mas não são motivo para interditar as escolas.
Já um dano estrutural é muito mais grave e pode causar a interdição. Um exemplo de dano estrutural foi identificado na EMEF Gonçalves Dias, onde foram encontradas duas lajes com deflexão considerável, trincas e desplacamento de reboco, além de muitos sinais de umidade. Apesar disso, a situação se restringe a apenas duas salas, permitindo o uso do restante da escola.
Em praticamente todos os prédios inspecionados, o problema do mofo é algo que deve ser resolvido, conforme explica o Eng. Civ. Cristian Schwarz: “A parte estrutural, em sua maioria, está em bom estado de conservação. A enchente não teve um impacto significativo nas estruturas. O principal problema é o bolor e a toxicidade da água, que afetou o revestimento de todas elas”.
Cristian também explica que alguns prédios tiveram danos pontuais na estrutura que são fáceis de resolver, porém, o maior problema está nas partes elétricas e nos sistemas hidráulicos, de ventilação e de gás, que foram bastante afetados.
“O que eu consideraria principal é a desinfecção cuidadosa nas partes onde são manipulados alimentos, como as cozinhas das escolas e os pátios onde as crianças brincam. Em todas as estruturas, será importante a desinfecção do solo e das partes internas. Isso é fundamental para que as escolas e UBS sejam reabertas”, finaliza.
Sentimento de dever cumprido
Em um dos grupos, o consenso foi que alguns reparos são necessários para liberar as escolas. Segundo o Eng. Eng. Eletric. Weslei Camara Barboza, o dano causado pela água foi a principal observação em praticamente todas as unidades analisadas. A recomendação nesses casos é a limpeza, manutenção ou substituição para que retornem ao uso. Esse parecer não condena as escolas.
Ao falar sobre a ação, Weslei comenta que o sentimento é de gratidão. “É uma oportunidade única de utilizar nossa profissão em benefício da sociedade. O exemplo do que está sendo feito aqui vai repercutir no Brasil inteiro e deveria partir para outras classes também, não só na engenharia. Essa junção de especialidades entendendo e conversando para ajudar a cidade é uma experiência de crescimento profissional e também pessoal.”, declara Wesley, que pela primeira vez participou de uma ação desse tipo.
Para o Eng. Eletr. Luiz Fernando Wagner Ribeiro Moraes Gomes Luiz, a ação foi importante já que a iniciativa dos Creas em reunir o grupo de profissionais foi inovadora e muito relevante para solucionar rapidamente uma situação ímpar em nosso país. “A certeza é que a experiência adquirida por nossos profissionais será de grande valia para outros estados e cidades. A experiência vivida em campo deu clareza sobre nossa fragilidade diante da natureza. A formação de uma equipe voltada para emergências como essa pode permitir ações preventivas mais eficazes”, relata.
Os laudos são importantes para que as escolas e UBS possam receber verba dos governos estaduais e federais para sua reconstrução. Durante a ação, os voluntários puderam emitir as chamadas ARTs humanitárias. Essas ARTs não são pagas e devem ser emitidas apenas para os laudos realizados durante o trabalho voluntário.
E os voluntários que participaram da ação agora voltam para a casa com a sensação de dever cumprido. Ao falar sobre o sentimento ao final da ação, o Eng. Civ. Luiz Carlos fala sobre gratidão. “Para nós, foi muito gratificante participar dos serviços de reconstrução do estado do Rio Grande do Sul, que nos proporciona também uma grande oportunidade de conviver com as pessoas afetadas pelas enchentes.”, diz Luiz Carlos.
As informações coletadas e os laudos emitidos agora serão direcionados para os órgãos competentes para que a população possa, o quanto antes, retornar às suas vidas normais.