Uma postura “flutuante” é presente em discursos de alguns políticos brasileiros e, localmente, não poderia ser diferente. Antigamente, nos primórdios da civilização, lembrava das falas quem acompanhava os plenários municipal, estadual e nacional, pessoalmente. Era a testemunha viva dos fatos. Havia, e há nos tempos atuais, quem discursa, elogia ou critica e se não “pegar bem” muda o discurso, simples assim. Os motivos para isso são os interessantes. Ser atendido no pedido de asfalto, provar que é companheiro, não ver os defeitos, afinal companheiro não tem defeito diz o ditado político, e ainda em determinados casos por paixão. Há discursos e mudanças de discursos até para defender uma realidade criada.
Mas tudo mudou. Hoje as sessões são gravadas, transmitidas, registradas além da Ata. Falou, tenha certeza, alguém registrou.
Um destes casos, de esquecimento seletivo de falas anteriores, foi registrado, recentemente, na sessão do legislativo de Pato Branco. O vereador Romulo Faggion (UNIÃO) questionou os gastos com propaganda feito pelo atual prefeito. Pesquisamos no portal da transparência, os gastos entre 2022 e outubro de 23 somam cerca de R$ 2 milhões de reais com agência de marketing. Os comerciais, segundo o vereador Faggion, mostram um cenário bem diferente do dia a dia da população.
A reação sobre a fala de Faggion se deu através do vereador Bernardi, que faz parte da base da situação e participou da campanha Política sem Máscaras, tema do atual gestor na disputa pela prefeitura na eleição passada.
Mas para defender que nem tudo é só propaganda, Joecir Bernardi (PSD), pode ter “mascarado o passado”. No discurso atual levantou o tom de voz. Quase perdeu a compostura, chegou bem perto de ter um chilique, um piti. Ao assistir o vídeo pode-se observar “um certo descontrole”.
Defendeu o atual gestor usando a pandemia. Usou as estradas do interior para dizer nem tudo está bem, mas que a culpa e da chuva. Afirmou, a plenos pulmões, que o atual gestor recebeu a cidade desestruturada no enfrentamento da pandemia, que havia apenas quatro respiradores para atender a população. Bernardi disse “estava desestruturada sim” e repete “desestruturada”.
Tirando a máscara
A fala atual do vereador Bernardi contradiz com os elogios que derramou sobre a equipe de saúde que enfrentou a primeira fase da pandemia em 2019. Na ocasião, em 2020, quando a então equipe fez a prestação de contas ele afirmou: “(…) voltar a parabenizar a equipe da saúde, no que depender deste vereador, da família dele, dos conhecidos dele, o atendimento, apesar de um período muito crítico e tenso, a história vai responder o excelente trabalho que estão fazendo a cidade Pato Branco. Não tenho dúvida que a história vai reconhecer isso Márcia (Márcia Fernandes então Secretária de Saúde). Sei que no meio é difícil. Deve ter muitas críticas inclusive, mas não tenho dúvida que no médio prazo aí isso vai ser falado e bem! Não tenho dúvida! Então parabenizar, em nome de você, toda a equipe completa envolvida, inclusive, nem só da saúde, mas os que estão envolvidos na linha de frente disto aí” discursou Bernardi.
Com referência a quantidade de respiradores e UTIs para atendimento dos pacientes com Covid, a gestão anterior apresentou, na prestação de contas da Secretaria de Saúde, que havia deixado montado vários leitos de UTI, com todos os equipamentos necessários, junto a UPA. Através do governo do Estado, informou na época a secretaria de saúde, que foram conquistados equipamentos, respiradores e montadas e adquiridas unidades de leito/uti. Os hospitais foram aparelhados e profissionais contratados pelo município para atuar na rede pública.
Tirando a máscara de novo
De fato, a atual gestão buscou ampliar a estrutura de atendimento. Alugou um espaço, um clube de dança o “sobe e desce”. Investiu, dividiu internamente o espaço, instalou piso especial, estrutura hidráulica e realinhou o sistema elétrico. Pagou aluguel, e não usou o espaço. Depois pagou de novo, para deixar tudo como quando havia alugado como constava no contrato.
também construiu um pavilhão ao lado da UPA. A rapidez da obra foi comemorada. Construído “num estalar de dedos” disseram a época. Mas ficou por longuíssimo espaço de tempo sem uso. Não chegou a ser utilizado, efetivamente, para a pandemia. Somente muito tempo depois foi utilizado pela secretaria de saúde.
Recursos
Como para todos os municípios do Brasil, o apoio financeiro e estrutural chegou para Pato Branco, especialmente, através do Governo do Estado que manteve o financiamento da estrutura e a compra de vagas em leitos de UTI conforme a necessidade e avanço da pandemia.
Bernardi apequenou a parceria com o Estado, deputados e líderes locais em posições maiores, ao dar o status de protagonista no combate a pandemia, unicamente, ao atual gestor.